Muitas vezes usados como sinônimo, gripe e resfriado, na verdade são doenças distintas. Resfriado é a doença aguda mais comum no mundo, seu quadro é mais brando e não costuma evoluir com complicações. Gripe é marcada por sintomas mais intensos, febre mais elevada e risco potencial de complicações.

Veja à seguir os sintomas de resfriado e gripe, como a diferenciar entre esses dois quadros, orientações à respeito da prevenção e tratamento.

Resfriado

É causado por inúmeros vírus, sendo Rhinovirus a família mais comum, responsável por 30-50% dos casos. Outros grupos que podem ser associados ao quadro são Coronavirus, Adenovirus, Metapneumovirus, Parainfluenza vírus e Vírus sincicial respiratório.

A transmissão ocorre através do contato com superfícies, pequenas partículas no ar ou gotículas de saliva no contato próximo.

Sintomas iniciais

  • Coriza;
  • Obstrução nasal;
  • Espirros;
  • Sensação de garganta seca ou raspando.

Sintomas posteriores

  • Aumento de tosse;
  • Aumento de secreção nasal;
  • Mudança de aspecto da secreção nasal, que pode ficar mais espessa ou escura (amarela ou esverdeada);
  • Ocasionalmente pode cursar com conjuntivite;
  • A febre é rara em adultos e, usualmente, baixa.

Evolução da doença

  • Período de incubação: 1 a 3 dias.
  • Pico de transmissão: 2º dia dos sintomas.
  • Duração do quadro: 3 a 10 dias.

*Pode chegar ao dobro do tempo em tabagistas.

Complicações

As complicações são raras, sendo a sinusite bacteriana a mais observada. Os sinais de alerta são: persistência de febre após o 3º dia, persistência dos sintomas após o 10º dia e a piora progressiva. Pode-se descrever como doença em duas fases, melhora inicial, seguida de nova piora.

Tratamento

O tratamento é direcionado para diminuir os sintomas, uma vez que não há tratamento específico para o resfriado, que diminua sua duração. As seguintes medidas foram eficazes no alívio sintomático, quando avaliadas por estudos científicos.

  • Manejo da congestão nasal com medicamentos orais (ex. antihistamínicos) e tópicos (ex. lavagem com salina e demais sprays nasais);
  • Manejo da dor e desconforto (ex. analgésicos e anti-inflamatórios);
  • Outras medidas: dieta balanceada, aumentar ingestão de líquidos, repouso, vitaminas (ex. Vitamina C) e suplementos (ex. Zinco).

Gripe

É uma doença viral, causada pelo Influenza A e B. Há inúmeras variantes dessas famílias de vírus, sendo o subtipo H1N1, do Influenza A, o mais conhecido pela epidemia que ocorreu em diversos países em 2009 (“gripe suína”).

A epidemia acontece anualmente no período de frio, tem duração de aproximadamente 2 a 3 meses e há variação dos vírus ao longo do tempo. O pico da epidemia de gripe ocorre de junho a agosto no Hemisfério Sul e, no Norte, de dezembro a fevereiro. A cada ano o subtipo de vírus muda (ex. H3N2, H5N1) e, mesmo ao longo da epidemia, pode haver variação.

A transmissão ocorre, fundamentalmente, por partículas grandes (gotículas de saliva) no contato próximo. Outras vias de transmissão têm menor importância e não foram comprovadas.

Sintomas

Quadro clínico: “Gripe não complicada

  • Início abrupto de sintomas;
  • Gerais: febre (até 40º C), dor de cabeça, dor pelo corpo (mialgia), dor nas juntas (artralgia), cansaço e fraqueza (astenia);
  • Respiratórios: tosse seca ou pouco produtiva, dor de garganta, secreção nasal.

Complicações de gripe

Pneumonia bacteriana: Piora do quadro clínico, após melhora inicial (doença em 2 fases).

  • Sinais de alerta: aumento de tosse, aumento expectoração, secreção amarelada, falta de ar, dor torácica e retorno da febre;
  • Diagnóstico: alteração (infiltrado/ consolidação) na Radiografia de tórax.

Pneumonia viral: É mais rara que a bacteriana, porém mais grave.

  • Sinais de alerta: persistência e aumento dos sintomas – febre alta, falta de ar e até cianose (extremidades arroxeadas).

Outras complicações são raras: inflamação dos músculos (miosite) e até sintomas neurológicos

Evolução da doença

  • Período de incubação: 1 a 4 dias.
  • Pico de transmissão: 2º dia dos sintomas.
  • Duração do quadro: 5-7 dias.
    • Pode chegar ao dobro do tempo em tabagistas.
    • Diminuição dos sintomas à partir do 3º dia.

Grupos de risco

Os grupos de risco são as pessoas com maior chance de complicação e até óbito por quadros gripais, eles devem ser avaliados e seguidos por seu médico. Segue-se lista com esses indivíduos.

  • Crianças menores de 5 anos (e especialmente menores de 2 anos);
  • Idosos a partir de 65 anos;
  • Portadores de doenças crônicas:
    • Respiratórias: ex. asma, bronquite, enfisema, “DPOC”;
    • Cardiovasculares: ex. insuficiência cardíaca;
    • Renais: ex. disfunção ou insuficiência renal crônica;
    • Hepáticas: ex. cirrose e insuficiência hepática;
    • Hematológicas: ex. anemia falciforme;
    • Endocrinológicas: ex. diabetes (especialmente em uso de insulina);
    • Neurológicas: epilepsia, AVC prévio.
  • Baixa imunidade (ex. por medicamentos, quimioterapia, HIV/ AIDS);
  • Gestantes e puérperas (até 2 semanas pós parto);
  • Residentes em casa de repouso;
  • Obesidade grau 4 (IMC >ou= 40);
  • População indígena (Nativos americanos).

Tratamento

  • A principal medida de tratamento é a prevenção com vacinação, que deve ser repetida anualmente.
  • Nos grupos de risco, há evidências em trabalhos científicos, de benefício no tratamento com anti-viral específico, desde que seja iniciado precocemente (nas primeiras 24 a 48h dos sintomas).
  • Manejo sintomático de forma similar ao que é feito no resfriado. (link)
  • Avaliar resposta e monitorar complicações.

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