Muitas vezes ouvimos o termo DPOC, mas não sabemos exatamente o que significa. DPOC é o acrônimo para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. É uma doença respiratória bastante frequente e está entre as 5 principais causas de morte no Brasil e no mundo. Foi a 4ª causa em 2015, com 3.2 milhões de óbitos no mundo todo.

É uma condição que engloba o enfisema – destruição dos alvéolos (áreas que fazem a oxigenação do sangue) e a bronquite crônica – inflamação das vias aéreas (que dificulta o fluxo de ar/ função pulmonar). O enfisema pode ser causado pelo tabagismo ou outras fumaças e partículas nocivas.

Causas

A principal causa é o tabagismo. O cigarro leva substâncias químicas, que geram inflamação nas vias respiratórias e no pulmão. Essa inflamação gera aumento na produção de muco, como uma tentativa de defesa do sistema respiratório e muda a característica da parede das vias respiratórias, que perdem a capacidade de limpeza desse muco. Essa inflamação normalmente é progressiva, gerando cada vez mais destruição do pulmão.

Outras causas de DPOC são: exposição à queima de “biomassa” (fogão a lenha, queimadas), poeiras e solventes industriais, fumaça de veículos e indústrias. Mais raramente, algumas infecções pulmonares podem deixar sequelas similares ao DPOC.

Sintomas

Pode-se dividir a DPOC em dois grupos, enfisema e bronquite crônica (do tabagista). Se imaginarmos o pulmão como uma esponja bastante delicada, o enfisema é a destruição dessa estrutura, formando grandes bolhas. Essas bolhas perdem a capacidade de troca gasosa: fornecer oxigênio ao corpo e retirar gás carbônico. O raio-x (radiografia de tórax) pode mostrar o pulmão com ar represado.

A bronquite crônica é uma inflamação da parede das vias respiratórias, associada a aumento do muco. Ela gera um estreitamento, dificultando a passagem do ar, fazendo com que parte dele fique preso no pulmão. Em resumo, DPOC diminui a capacidade para respirar e o fôlego, causando cansaço e falta de ar.

O principal sintoma do enfisema (DPOC) é a falta de ar (dispneia), que pode ser progressiva (piora ao longo do tempo) a medida que a doença evolui, especialmente naqueles pacientes que continuam fumando. Outros achados frequentes são a tosse crônica e secreção respiratória (catarro ou pigarro), mais frequente pela manhã. Caso esses sintomas estejam presentes na maioria dos dias ao longo de 3 meses, são altamente sugestivos do diagnóstico.

Pode ocorrer “crises” ou exacerbações de DPOC, em que os sintomas pioram acentuadamente, levando o paciente a buscar atendimento médico, muitas vezes de forma emergencial e necessitando de ajuste no tratamento. É importante evitar essas exacerbações, pois além de atrapalharem a vida diária do paciente, elas causam perda de função pulmonar e simbolizam um risco maior de complicações futuras.

É importante citar que a exposição a fumo em casa (tabagismo passivo) causa perda de anos de vida e de qualidade de vida/ disabilidade, isto é período de vida que a pessoa vive com limitação. Os maiores afetados pelo tabagismo passivo são as crianças e as mulheres.

Complicações

As principais complicações são pneumonia, doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral – AVC) e cânceres, especialmente de pulmão. Pode-se destacar, ainda, o risco de trombose, embolia pulmonar e obstrução ao fluxo de sangue para pernas (claudicação intermitente – dor ao andar). 

  • A pneumonia é a principal causa de internação em todo o mundo, gerando grande impacto no quotidiano dos pacientes. 
  • As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo, sendo o cigarro e o diagnóstico de DPOC fatores de risco para elas. 
  • 85% dos cânceres de pulmão são causados pelo cigarro. 
  • Outros cânceres fortemente associados ao cigarro: 
    • “garganta”: língua, faringe, laringe; 
    • sistema respiratório: traqueia, brônquios, pleura; 
    • bexiga; 
    • rim. 

Tratamento

O tratamento visa aliviar os sintomas (ex. diminuir a falta de ar), melhorar a qualidade de vida e reduzir as complicações. 

Uma parte fundamental do tratamento é parar de fumar. A qualquer idade ou quantidade de anos fumando, sempre há benefício em parar. Quanto antes pararmos, maior o benefício. Uma vez afastado dessas substâncias nocivas a inflamação pulmonar diminui e os sintomas e riscos futuros também. 

Ter uma alimentação saudável e nutrição adequada é fundamental. Esse grupo de pessoas tem mais chance de desnutrição e osteoporose sendo, por vezes, necessário suplementação alimentar. A reabilitação pulmonar e muscular tem um papel de destaque aliviando os sintomas e além disso dando mais autonomia ao paciente. 

Manter a vacinação atualizada é importante para reduzir o risco de infecções, que nesse grupo de pessoas podem levar a complicações, internação e até óbito. 

Há diversos medicamentos que ajudam a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. O tipo de tratamento depende das características de cada paciente. É importante que se avalie os sintomas e o quadro clínico para determinar o melhor curso em cada caso. É fundamental seguimento médico regular para o correto diagnóstico, manejo e ajustes necessários. 

5 respostas
  1. Edilene das Graças Martins
    Edilene das Graças Martins says:

    Acabei de fazer uma tomografia e receber o diagnóstico de enfizema. Fiz apenas uma consulta online e o médico me receitou Alenia de 200 mg, pretendo fazer uma esperiometria para saber o grau da doença e buscar informações sobre hábitos saudáveis para incluir no dia a dia.

    Responder
  2. Estevao
    Estevao says:

    Bom dia Dr. Francisco Mazon, minha tia tem 64 anos, esta com efisema pulmonar, tem os exames que comprovam a doenca, infelizmente ela e fumante, e esta muito mal com a falta de ar e cansaco, porem nao consegue uma consulta no SUS para fazer o tratamento porque o bairro onde ela mora esta com falta de medico a mais de um ano. Necessito saber como ela poderia passar em uma consulta no seu consultorio, e qual o valor dessa consulta. Po favor, me responda o mais breve possivel e desde ja agradeco pela atencao.

    Estevao

    Responder
  3. Aurilene Rodrigues
    Aurilene Rodrigues says:

    Meu esposo tem enfisima pulmonar pouco tempo teve pneumonia mas não internação ele , ele bebe pinga , fuma e não está comendo isso e mais perigoso né ,como faço?

    Responder

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